10 novembro 2017

o prazer do escárnio e do mal-dizer

A onda de escárnio que ontem alegrou as redes sociais, tornando viral o vídeo de um deputado do PSD a dizer que "a legionella passou a ser totalmente proibida", é apenas mais um triste exemplo deste tanque de tubarões em que nos vamos desfazendo uns aos outros.  

O momento tem muita graça e dá imensa matéria para piadas, é certo, mas o ar ficava mais respirável se não embarcássemos alegremente num exercício de ignorar o contexto e agarrar teimosa e cegamente a literalidade para melhor poder escarnecer de pessoas concretas. Não vale tudo.

Ele exprimiu-se de forma muito incorrecta para dizer que o governo anterior, com o decreto-lei de 2013, assumiu uma atitude de "tolerância zero" nas medidas de combate à legionella. E exemplificou: "não foi criada uma auditoria pontual, foi criada a verificação e fiscalização permanente. Passou a haver a obrigação de existir, para cada um destes equipamentos, um técnico de manutenção”.

Não vou discutir se ele tem razão ou não, e muito menos de quem é a culpa do novo surto de legionella.

Quero apenas lembrar que a qualidade do debate público depende de cada um de nós, e que se há algum "je suis" que vale realmente a pena é o "Je suis Democracia". Tentar desqualificar um interlocutor com base numa frase formulada de forma infeliz é um golpe baixo que não serve a vida democrática.




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